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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ação popular que dissolveu a URSS e seus satélites comunistas no século XX





Por Cristina Froes
 

Conforme prometi no artigo anterior, neste pretendo mostrar a forma com que os países subjugados ao regime genocida comunista da Rússia, se libertaram. Mostrar, principalmente, como o a população se levantou heroicamente contra aquela tirania, tendo à frente sua fé católica, orando e fazendo penitências conforme Nossa Senhora havia pedido em Fátima. E, sobretudo, mostrar que somente voltados à vontade de Deus obtemos a vitória.

Faço lembrar que, como no artigo anterior, estou a citar trechos do livro "A Ascensão e Queda da Revolução Comunista" de Warren H. Carroll. Para ilustração, deixei links sinalizados que tanto podem estar abaixo de algum parágrafo, como também estarem inseridos em alguma frase, sublinhados. Basta clicar neles.

A dissolução da União Soviética ocorreu em 25 de Dezembro de 1991. Sim, no dia do Natal! Na verdade, foi um processo gradual que se desenrolou de janeiro de 1990 a 31 de dezembro de 1991.  No entanto, há fontes que indicam que se deu oficialmente no Natal de 1991, com a renúncia de Gorbachev, conforme texto abaixo.
"On December 25, 1991, Gorbachev yielded to the inevitable and resigned as the president of the USSR, declaring the office extinct. [...] After the dissolution of the Soviet Union on December 25, 1991, Russia claimed to be the legal successor to the Soviet state on the international stage. To that end, Russia voluntarily accepted all Soviet foreign debt, and claimed overseas Soviet properties as its own." (https://web.archive.org/web/20070808145942/http:/en.wikipedia.org/wiki/Soviet_Union)


Carroll confirma:




“… Gorbachev resignou formalmente o seu agora extinto cargo de Presidente da União Soviética em 25 de Dezembro, o dia da transferência oficial de todo o poder da União Soviética para a República Russa no Kremlin, solenizada pela mudança de bandeira ao cair da tarde. Esta mudança ocorreu às 19h35. Fora matéria de sonho para alguns, que imaginavam como esta poderia acontecer num longínquo dia de glória, mas nunca o esperariam tão cedo. Iluminada contra a escuridão, a bandeira vermelha com o martelo e a foice embateu e estalou ao sopro do vento Ártico. Durante 74 anos, esta sobrevoou o Kremlin, vívido e terrível símbolo da revolução suprema da qual o Kremlin fora a sede. Agora os seus dias eram findos. O mundo assistiu-o na televisão. As câmeras focaram-na. Sob o foco das câmeras, o tricolor da Rússia pré-revolucionária estava pronto para se erguer. Assim que o sangrento estandarte do apocalipse humano desceu abanando pelo mastro do Kremlin sob as estrelas radiantes da noite de Natal, a revolução comunista no ocidente morreu.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 778)

A história nos mostrou que as políticas de liberalização - glasnost (abertura) e perestroika (reestruturação) - voltaram-se contra o governo soviético. Pois, a partir daí as pessoas que viviam no bloco comunista começaram a aderir às medidas adotadas, tornando inevitável a busca pela libertação da tirania comunista de forma implacável. Assim, vários países, pouco a pouco foram se libertando. Cito abaixo alguns deles.


Alguns exemplos:

Hungria

“Depois, em Maio [1989] o governo húngaro com perspectivas reformadoras deu um passo sem precedentes para um país comunista. Este abriu as fronteiras nacionais com a Áustria. As barricadas de cimento e arame farpado que mantinham o povo húngaro dentro da sua terra oprimida… foram destruídas… Em 7 de Outubro, a conferência do Partido Comunista Húngaro votou 1,005 contra 159 pelo abandonamento da ideologia Leninista e renomeou-se Partido Socialista Húngaro. Alguns dias depois, o parlamento húngaro dispensou o nome comunista imposto ‘República Popular’ à sua nação… O parlamento alterou a sua constituição de forma a poder abarcar um sistema multi-partidário. A eleição directa de um presidente foi aprovada… no trigésimo terceiro aniversário da insurreição de 1956, em 23 de Outubro de 1989, a Hungria proclamou-se oficialmente livre da dominação Soviética. Eleições livres ao parlamento foram organizadas em Março e Abril de 1990. Apesar do grande número de partidos, os comunistas, com apenas oito por cento dos votos, ficaram em quarto lugar. O historiador Jozsef Antall, líder do Fórum Democrático, tornou-se primeiro-ministro de um governo de coligação e não-comunista em Maio de 1990.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 735-736)

Ainda em relação ao regime imposto na Hungria, vale destacar um caso de corajosa resistência ao comunismo. Falo de József Mindszenty que foi um cardeal húngaro, que se opôs tenazmente a este regime. Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por ocasião da Contra-Revolução Húngara de 1956, obteve asilo na embaixada dos Estados Unidos até 1971. Antes de sair do seu país, disse aos que foram despedir-se: "Logo virá o dia em que o tempo presente será cancelado, por ter sido arrasado pela sua própria insipiência. A pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre ilusória." O Cardeal faleceu no exílio, em Viena em 6 de maio de 1975. Seu corpo é exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, segundo o Papa João Paulo II. o Pontífice se referiu a ele como "verdadeira testemunha da fé durante a perseguição do regime comunista". Conheça o Cardeal no vídeo abaixo:





Cardeal József Mindszenty 

Com relação à insurreição - ou Contra-revolução húngara de 1956 - foi a primeira tentativa oficial de se libertar do dominação comunista da União Soviética. Foi um movimento espontâneo da população.  Este movimento durou de 23 de outubro até 10 de novembro de 1956. Mas alcançaram definitivamente a liberdade, em 1989. E foi um dos mais importantes sinalizadores da queda do Muro de Berlim e da derrocada da União Soviética. Abaixo, um pequeno documentário:

Contra-revolução húngara de 1956


Alemanha Oriental

“Pela rápida forma como o momentum de mudança estava a construir-se nos últimos quatro meses de 1989, parecia improvável para a maioria dos observadores que houvesse em breve qualquer alteração fundamental no estatuto da Alemanha Oriental comunista. A sabedoria convencional defendia que a União Soviética, até mesmo sob Gorbachev, não iria nem poderia deixar escapar esta grande parte da população e território do seu inimigo supremo de duas guerras mundiais, e certamente nunca permitiria a reunificação da Alemanha. O chefe da Alemanha Oriental, Erich Honecker, era o mais duro líder comunista à oeste da China… [ele] tinha governado o seu país artificial à mão-de-ferro durante os último dezoito anos. Ele esteve envolvido na construção do Muro de Berlim e deu muitas vezes ordens para ‘atirar a matar’ em qualquer um que tentasse atravessá-lo, por baixo ou por cima, ordens essas que tiraram as vidas de cerca de duzentos homens e mulheres que fugiam desesperadamente da sua tirania.
Na capital de Honecker, o Muro de Berlim servia como uma constante lembrança de que viagens para o Ocidente eram proibidas a todos excepto a uma minoria oficialmente favorecida na Alemanha Oriental. Mas viagens a ‘fraternas nações socialistas’ eram permitidas. O problema, para Honecker, foi que no fim do Verão de 1989 duas dessas nações — Polónia e Hungria — estavam a deixar de ser fraternalmente socialistas. A Hungria, em particular, era o local de férias favorito dos alemães orientais que tinham capacidade financeira de o fazer. E a Hungria tinha agora uma fronteira aberta com a Áustria, para além da qual localizava-se a Alemanha Ocidental.
Em Agosto, a embaixada da Alemanha Ocidental em Budapeste [Hungria] foi cercada de pessoas pedindo a entrada na Alemanha Ocidental e assistência na obtenção de documentos que os permitisse deixar a Hungria legalmente. Em 11 de Setembro, cansado de lidar com esses problemas externos enquanto as suas próprias mudanças importantes estavam a realizar-se, o governo húngaro anunciou que todos os alemães de Este então presentes na Hungria, e qualquer um que o quisesse fazer no futuro, poderiam atravessar a fronteira austríaca sem restringimentos. Então o dilúvio para o exterior começou.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 736-737)

“As notícias disto difundiram-se rapidamente. A seguir à Hungria era a Checoslováquia, em particular Praga, o destino de viagem favorito para os alemães de Este. A Checoslováquia estava ainda sob firme controlo comunista. Mas os seus líderes conseguiam ler os jornais; eles não queriam estrangeiros a causar problemas em tal período. Após vários milhares de turistas da Alemanha de Este terem inundado a embaixada da Alemanha Ocidental em Praga e terem acampado à volta desta, exigindo a passagem para a Alemanha Ocidental, as autoridades checas informaram o ministro das relações exteriores da Alemanha Ocidental que os deixariam ir se Honecker concordasse. Num momento de fantasia que ultrapassa a explicação racional, Honecker concordou com a absurda condição de que os comboios que carregariam os refugiados passassem pela Alemanha Oriental, selados. Isto resultou em cenas de mais e mais pessoas nas cidades da Alemanha Oriental a tentarem desenfreadamente entrar nos comboios selados enquanto passavam — cerca de dez mil em Dresden somente.
Em 3 de Outubro [1989], Honecker baniu todas as viagens para a Checoslováquia através da Alemanha Oriental. Mas ele não tinha muro na fronteira Checa; era um fraterno Estado socialista.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 738) 

“As cerimónias de aniversário deram-se em 8 de Outubro… o dia seguinte era Segunda-Feira — oração e manifestação na Igreja de São Nicolau em Leipzig. E neste dia havia não menos que cinquenta mil pessoas presentes, como se tivessem surgido da terra poluída da Alemanha Oriental. Honecker previra o acontecimento. Ele reuniu uma grande força de polícia secreta, polícia comum e soldados em Leipzig e forneceu-lhes munição real, com a instrução de usar qualquer força necessária para acabar com o protesto. Surgiu uma nova Praça Tiananmen. Mas a ordem para atirar não apareceu… Mas ele [Honecker] recusou-se inflexivelmente a renunciar o uso de força letal contra as massas. Num encontro crítico do Politburo da Alemanha Oriental em 10 de Outubro, apenas dois membros apoiaram Honecker nesta decisão. Até mesmo leais comunistas empedernidos da velha guarda argumentaram contra a ‘solução chinesa.’ (…) Honecker enfureceu-se em vão. Três dias mais tarde ele publicou uma vaga e não-característica declaração prometendo reformas económicas, mais bens de consumo e direitos de viagem expandidos… Em 16 de Outubro, numa Segunda-feira, a quantidade de manifestantes em Leipzig triplicou para cento e cinquenta mil. No dia seguinte o Politburo da Alemanha Oriental reuniu-se novamente… A maioria dos outros membros do Politburo sabiam que o jogo tinha acabado. Não haveria auxílio da União Soviética…
“Com as forças armadas da Alemanha Oriental, que nunca tinham dado um tiro por ira e não estavam nem nunca estiveram defendendo uma nação verdadeira, não se podia contar numa crise. Se as massas em Leipzig triplicaram para cento e cinquenta mil em uma semana, quantas mais poderiam lá estar na Segunda-Feira seguinte? Willi Stoph, o primeiro-ministro, de 75 anos de idade, fez o impossível. Stoph disse a Honecker que ele que tinha de renunciar. No dia seguinte ele fê-lo, alegando razões de doença… Se Honecker não conseguia manter o comunismo na Alemanha Oriental, ninguém mais conseguiria. O Partido, por tanto tempo e até recentemente tão omnipotente, desabou como um castelo de areia à chuva. Em 30 de Outubro, trezentas mil pessoas marcharam após as orações de Segunda-Feira em Leipzig; em 4 de Novembro, meio milhão manifestou-se pela liberdade em Berlim Oriental, exigindo limites ao poder do governo. Em 7 de Novembro, o governo inteiro da Alemanha Oriental resignou, e Honecker foi dispensado do Politburo…
“Dissolvidos no caos, alguns oficiais anónimos do governo emitiram uma declaração de que ‘viagens privadas para o exterior podem ser solicitadas sem cumprir requisitos.’ Ninguém sabia o que isso significava, inclusive provavelmente o oficial que o escreveu; porém, massas de pessoas que apareciam sobre o Muro de Berlim gritavam-na como um slogan, e os guardas de fronteira também não sabiam o que significava. No fim da tarde de 9 de Novembro, os agentes que os comandavam no Muro decidiram deixar passar as pessoas que faziam pressão. Por volta da meia-noite, centenas de milhares passavam pelos portões abertos, regozijando-se e celebrando vivamente, partindo pedaços do muro com martelos improvisados. Oficiais do governo abriram um grande buraco no muro na Potzdamer Platz. Em 11 de Novembro, não menos que um milhão de alemães de Este inundaram Berlim Ocidental a pé ou por qualquer outro meio de transporte… Ninguém mais tentava detê-los… Em 3 de Dezembro, o Politburo inteiro resignou e Honecker foi preso. O Partido [comunista] quase se auto-dissolveu completamente no local… a Alemanha Oriental encontrava-se agora sem futuro. No decorrer do ano de 1990, contrariamente a todas as anteriores expectativas e opiniões informadas, esta passou sem lamentos à história enquanto que a Alemanha foi completamente reunificada sem qualquer oposição significativa de ninguém, nem sequer do governo soviético.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 738-740)

Para mostrar os fatos acima citados posto abaixo um vídeo que, embora tenha um viés comunista, mostra o clima de alegria do povo da Alemanha Oriental ao se libertar daquele regime que tanto o oprimiu.

Queda do Muro de Berlim - 20 anos

Abaixo, mais outro vídeo de forma bem resumida:

Queda do Muro de Berlim - 25 anos

 Tchecoslováquia

“A queda do Muro de Berlim tocou o sino para o domínio comunista na Checoslováquia. Em 17 de Novembro, uma manifestação estudantil de dezassete mil na larga Praça Wenceslas em Praga exigiu a eliminação do ‘papel de líder’ do Partido Comunista Checoslovaco. As forças policiais agrediram alguns manifestantes, e a indignação pública escalou rapidamente…  Em 20 de Novembro, duzentas mil pessoas lotaram a Praça Wenceslas de uma ponta a outra a pedir por uma mudança de governo gritando ‘É isso o que queríamos! Está na hora!’ Todos os dias havia manifestação na Praça Wenceslas; todos os dias crescia o já grande número. Em 22 de Novembro, mais de um quarto de milhão gritou ‘fora! fora!’ enquanto o nome dos ministros do governo comunista eram mencionados… Em 27 de Novembro, praticamente o país inteiro juntou-se num ataque geral de duas horas, e o governo… declarou que o Partido Comunista Checoslovaco iria abandonar o seu ‘papel de líder.’ Mas Adamec [o primeiro-ministro] não se moveu rápido o suficiente; o governo ainda largamente comunista que ele propôs foi rejeitado por Havel e pelo Fórum Cívico, e em 7 de Dezembro ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro, seguido, dois dias mais tarde, pela renúncia do presidente Gustav Husak… Um novo governo não-comunista foi instituído, e milhões de Checos e Eslovacos celebraram.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 740-741)

Mais uma vez coloco um vídeo com discreto viés comunista. Não se consegue encontrar bons vídeos em português. Ao menos, este menciona que o movimento foi liderado por católicos, entre outros grupos.

A Contra-Revolução na Tchecoslováquia - 25 anos

Neste outro, um relato em inglês do que foi a Contra-revolução na Tchecoslováquia:

Contra-Revolução de Veludo

Abaixo mostro um vídeo mais humorado e leve de Praga pós Contra-revolução de Veludo. Achei interessante porque mostra o quanto a população tem noção de que a beleza nos leva à Deus - e isso é bem demonstrado através da arte - e que a feiúra representa o mal como é o comunismo. Reparem:

Praga pós regime comunista





Bulgária

“No dia em que o Muro de Berlim caiu, houve uma mudança na liderança comunista na Bulgária. Todor Zhikov, que governou este mui obediente satélite da União Soviética por não menos de trinta e cinco anos, abandonou o cargo sob a pressão da realização de uma reforma que ele não era capaz ou não queria empreender… Um mês depois, cinquenta mil pessoas manifestaram-se em Sofia, cidade anteriormente adormecida, exigindo a resignação do ‘papel de supremacia’ do Partido Comunista. Num imprudente momento de ira captada por um jornalista televisivo, que o destruiu politicamente quando foi revelada, Mladenov [que na altura liderava a Bulgária Comunista] murmurou ‘o melhor a fazer é enviar os tanques.’ No entanto ele não enviou tanque algum, e tal acção não foi sequer proposta seriamente nem por este duro governo que fornecera assassinos à KGB durante muitos anos. Um gentil, modesto filósofo chamado Zhelyu Zhelev criou a União Democrática, e em 12 de Dezembro, o Partido Comunista Búlgaro concordou em abandonar o seu monopólio de poder e na organização de eleições livres. Uma segunda ronda destas, em 1990, fez de Zhelev presidente.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 741-742)

Abaixo um link que leva a uma foto muito emblemática. Notem que há dois cartazes: Um com o  retrato de cabeça para baixo do ditador comunista Todor Shivkov ao lado de outro com a imagem de Jesus Cristo simbolizando a mudança.

Romênia

“Resistindo contra a maré de liberdade, sobrou o por muito tempo incontestado ditador da Roménia, Nicolae Ceaușescu, e a sua fria e maldosa esposa, Elena… A família Ceaușescu amava o poder com uma paixão ardente… Ele manteve a Roménia na pobreza enquanto construia enormes projectos vistosos… Havia polícia secreta por todo o lado, mantendo constante vigília em todos os que fossem minimamente suspeitos de dissidência. Todas as máquinas de escrever eram registadas na polícia secreta, juntamente com uma amostra da sua escrita, para que qualquer documento comprometedor pudesse ser rastreado até à máquina que o escreveu. Assassinos rastreavam as poucas pessoas proeminentes que conseguiam escapar do país com sucesso e matavam-nas. No dia 20 de Novembro, com a Polónia, a Hungria e a Alemanha Oriental libertadas e a Checoslováquia a caminho da libertação, Ceaușescu disse que jamais iria imitar essas nações em ‘bloquear o socialismo.’
Uma vez mais, tal como na Polónia e na Alemanha Oriental, a libertação de um país comunista começou numa igreja… O governo ordenara Tőkés a deixar a sua paróquia. Ele recusou-se a fazê-lo. No dia 15 de Dezembro, o prazo dado para o seu despejo, cerca de mil pessoas manifestaram-se inesperadamente a seu favor. No dia seguinte o número aumentou para cinco mil. Ceaușescu enviou as tropas. Os seus oficiais estavam relutantes em abrir fogo, mas Ceaușescu condenou-os pela sua indecisão e no dia 17 adoptou uma ‘solução chinesa.’ Cerca de cem pessoas foram mortas e milhares foram feridas.
As pessoas da cidade responderam com um ataque geral assim que o exército começou a retirar-se desta, ávido em pôr a cena de seus homicídios para trás das costas. Manifestações de simpatia começaram em outras cidades; Ceaușescu avisou que iria utilizar forças similares contra qualquer uma destas caso continuassem. No dia 21 de Dezembro ele saiu do palácio presidencial para dar um furioso discurso a uma multidão ao vivo em televisão nacional. Pela primeira vez em seus vinte e quatro anos de poder foi deparado com agitação punhos em riste, vaias, zombarias e gritos que exclamavam ‘Ceaușescu ditador!’ que duraram três minutos completos. Abismado, ele começou a acenar com as mãos, mas sem efeito. Elena sussurrou-lhe, ‘Fica calmo! Fica calmo!’ Então, os ecrãs da emissora televisiva nacional tornaram-se brancos. A multidão de pessoas cresceu para quinze mil durante o dia e foi finalmente dispersada pela polícia de segurança, que matou treze pessoas.
No dia seguinte, grandes multidões cercaram o prédio usado pelo Comité Central do Partido na Praça do Palácio em Bucareste. Ainda cheio daquela confiança, própria de um maníaco, Ceaușescu saiu para dirigir-se a eles. Mas alguém tinha desligado o microfone. Havia luta nas ruas; as pessoas estavam a entrar no prédio. Nicolae e Elena Ceaușescu entraram num helicóptero que os esperava mesmo à frente da multidão agressiva. O helicóptero pousou ainda longe do destino, por uma estrada aberta…  Nicolae e Elena evacuaram e tentaram sinalizar para um caminhão que passava. Alguns minutos depois, eles foram presos. Muitos membros restantes do governo… repudiaram a sua estrutura comunista e pouco depois o seu nome comunista, culparam Ceaușescu por tudo e safaram-se com esta. O governo reconstituído desfez-se dos Ceaușescus em velocidade-relâmpago. No dia de Natal de 1989, eles foram conduzidos a um tribunal marcial, condenados, e executados.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 742-743)

No vídeo abaixo o último discurso de Ceausescu, no dia 21 de dezembro. Note que a câmera oficial que o filmava treme frente a investida do povo sobre o Palácio, mas não deixa de mostrar a expressão de perplexidade do presidente comunista que não se dá por vencido.

Último discurso de Ceaucescu

Abaixo, a manifestação popular enfurecida, vista de outros ângulos da transmissão oficial. Ali vemos o povo avançando contra ao Palácio.


Aqui a famosa fuga de Ceaucescu e sua mulher de helicóptero no dia seguinte pela manhã.

Fuga de helicóptero - Romênia - 22 de dezembro de 1989.

Também achei este vídeo para olharem com calma. É uma apanhado de todas estas manifestações contra os países comunistas ligados à URSS do século XX - alguns citei neste artigo e de outros não citados, como Polônia etc. É bem interessante, pois dá uma pequena noção do aspecto psíquico daqueles povos que viveram sob este regime totaliário. O começo é meio assustador, mas siga assistindo até o final.

Colapso da URSS e seus satélites comunistas

Bem, espero que este artigo sirva de inspiração para o povo brasileiro. Que este valoroso povo que deseja o melhor para este imenso País, Terra de Santa Cruz, e tendo como padroeira, Nossa Senhora de Aparecida, compreenda que, para extirparmos o mal do comunismo que o atual governo do PT nos quer impingir, teremos que nos unir à Deus! E que façamos como nos pediu Nossa Senhora: oração e penitência todos os dias. Convidemos Nosso Senhor Jesus Cristo a fazer parte de nossas vidas diariamente. Com certeza alcançaremos algum tempo de paz, não só aqui no Brasil, mas em toda a América Latina!

domingo, 24 de maio de 2015

O mal do comunismo que se espalhou pelo mundo e a perseguição aos cristãos católicos






Por Cristina Froes

A idéia de fazer este artigo consiste em mostrar o horror do Comunismo - alertado por Nossa Senhora, em Fátima, Portugal, através de trechos do livro "
A Ascensão e Queda da Revolução Comunista" de Warren H. Carroll que, por sua vez, baseia-se na célebre obra de Alexander Solzhenitsyn chamada "O Arquipélago de Gulag". 
Após estes breves relatos de Carroll, pretendo mostrar, em próximo artigo, como alguns países tomados pela Rússia conseguiram se livrar deste regime demoníaco; mas, sobretudo, mostrar que nada se consegue sem uma ação popular firme e corajosa, tendo como armas a Oração e a Penitência.

Apenas alguns poucos exemplos:


Um exemplo primário aconteceu na Rússia em 1923. Naquela altura, Moscovo tentou chantagear o Vaticano para que concedesse reconhecimento diplomático ao seu regime. Moscovo emitiu ordens de detenção do clérigo Monsenhor Cieplak (administrador apostólico da diocese de Mohilev), o seu vigário geral Monsenhor Budkiewicz, e outros treze padres. Estes clérigos declararam que não iriam observar a lei de 1922 da União Soviética que proibia o ensino da fé católica às crianças. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 310)

Em 1946 as autoridades soviéticas removeram todos os bispos lituanos de suas dioceses excepto um (…) De 1946 a 1948, 357 padres, — um terço dos padres na Lituânia — foram deportados para campos de trabalho na Rússia e Sibéria. A um deles, que foi sentenciado a 25 anos (ou seja, à morte, uma vez que praticamente ninguém sobrevivia mais de 10 anos nos campos), foi oferecida a liberdade, uma das maiores igrejas em Vilinius, e cem mil rublos se ele aceitasse liderar uma igreja Católica lituana cismática. Ele negou-se, e desapareceu. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 364-365)

Quase todo de uma vez começou o holocausto da Espanha [em 1936]. O principal alvo dos revolucionários era… a Igreja Católica. Durante os três meses seguintes, os padres, religiosos e leigos católicos que foram apanhados na parte da Espanha onde a República exercia o  controlo, foram vítimas da mais sangrenta perseguição pela qual a Igreja alguma vez passou desde aquela operada pelo imperador romano Diocleciano no século IV. Ao todo, 6.549 padres e 283 freiras foram martirizados, a muitos, na clássica circunstância do martírio, foi oferecida a vida se renunciassem a fé e a morte se a mantivessem. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 285)

Em Cervera, contas de rosários foram forçadas para dentro dos ouvidos dos monges até que os seus tímpanos fossem perfurados… Certas pessoas foram queimadas, e outras enterradas vivas — e isto após serem obrigadas a cavar as suas próprias covas. Em Alcazar de San Juan, a um jovem homem, distinto pela sua piedade, foram arrancados os olhos. Naquela província, Ciudad Real, os crimes foram de facto atrozes. Um crucifixo foi enfiado à força pela boca a dentro da mãe de dois jesuítas. Oitocentas pessoas foram atiradas para dentro de um poço de mina. (citado por Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 286)

[...]até alguns “agressores carregavam bandeiras vermelhas com o machado e a foice. (Carroll, pág. 288)

Sob a batuta de Vladimir Lenin, o autor da revolução Comunista, genocida, e líder da Rússia comunista de 1917 a 1924






Em 1917, Lenin ordenou o encerramento de todas as igrejas católicas em Petrogrado. (Warren H. Carroll,  A Ascensão e Queda da Revolução Comunista,  pág. 169).

Em 1918, Lenin ordenou a proibição de todos os jornais em Moscovo excepto aqueles publicados pelos comunistas. Isto estendeu-se pouco depois a qualquer publicação impressa, inclusive jornais periódicos, etc.  (Warren H. Carroll,  A Ascensão e Queda da Revolução Comunista,  pág. 116).

Em Abril de 1919, seguindo as recomendações de Dzerzhinsky e com a aprovação de Lenin, o governo soviético ordenou o estabelecimento de uma rede de campos de concentração, pelo menos um por província, o primeiro do tipo na história, que serviu como modelo e inspiração a Hitler e os seus nazis, cujos campos de concentração posteriormente vieram a tornar-se infames como os do GULAG. Em 1923, o número desses campos de concentração chegou a 315. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 142)

A fome levou a morte aos lares, ou para tão longe desses quanto um moribundo conseguisse andar. Os campos de trabalho levaram a morte para longe… Parece até presunçoso que alguém escreva sobre o Gulag depois de Alexander Solzhenitsyn. Ele esteve lá; ele transformou o tema Gulag em seu próprio; ele mudou o mundo e a história através daquilo que escreveu sobre este… O máximo que podemos fazer é selecionar, aqui e ali, do que Solzhenitsyn escreveu, e elaborar notas de rodapé — para proporcionar um pouco do sentido, do sabor, do som do vento infernal que soprava pelos campos de extermínio espalhados pelos vastos ermos. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 243)

Descrição do campo de trabalho de Orotukan:

“Podemos começar por Orotukan. A meio do segundo volume de O Arquipélago de Gulag, Solzhenitsyn conclui com uma breve descrição de Orotukan (o qual ele depois situa somente por referência ao rio Kolyma no extremo-norte da Sibéria) — cujos horrores soam-nos ser tão maus quanto, mas não piores que aqueles de muitos outros campos que ele descreveu — com esta singular e dura sentença: ‘Todos os que sobreviveram a Orotukan dizem que prefeririam a câmara de gás.’ Todos os que estiveram lá e sobreviveram, e falaram sobre isso, dizem que prefeririam a morte à sobrevivência… No extremo da cordilheira Chersky de Yakutsk, o rio Kolyma desaguava no Oceano Ártico. Este desaguava, isto é, durante o verão. No inverno era uma faixa de gelo, de cima a baixo; pois as redondezas da cordilheira Chersky são o ponto mais frio da Terra sem contar com o centro da Antártica… No Kolyma, a temperatura média de inverno é sessenta graus abaixo de zero. Setenta e cinco abaixo de zero é comum…

“Até Novembro, eles só tinham abrigos feitos de ramos para viver, e não lhes era dada nenhuma roupa para além da que tinham quando chegaram. Depois eram-lhes fornecidos casebres de madeira feitos de tábua única sem isolamento. Havia lareiras para o aquecimento, mas os trabalhadores tinham de cortar a sua própria lenha — sob trinta, quarenta e ou cinquenta graus negativos — após terem terminado o trabalho do dia. Estes, ainda em Magadan, eram os sortudos. Os menos afortunados eram enviados para iniciar a construção da estrada para Kolyma — a meio do inverno… Não havia casebres aí, apenas tendas e cabanas de ramos. Cães de patrulha impediam que escapassem. Alguns dos campos no caminho para Kolyma foram dizimados até ao último homem e cão — não apenas morreram todos os escravos trabalhadores, mas também todos os guardas…

“Assim que o gelo derreteu no Golfo de Okhotsk, mais barcos chegaram com mais ‘kulaks,’ sabotadores, demolidores, e outros tipos de gente indesejável ao país… Quando o gelo derreteu no fim da primavera de 1934, o Dhzurma finalmente chegou à foz do Kolyma. Todos os 12.000 prisioneiros a bordo estavam mortos. Praticamente toda tripulação sobreviveu. Mas no retorno para Vladivostok, metade deles tiveram de ser tratados por ‘desordem mental.’ O que será que eles viram?

“Orotukan foi construido como um campo de punição para aqueles trabalhadores em Kolyma que sobreviveram e provaram ser particularmente intratáveis. As condições em Orotukan, portanto, deveriam ser propositadamente piores do que as de qualquer outro campo da região. Solzhenitsyn diz-nos que cada cabana em Orotukan estava cercada em três lados por pilhas de corpos congelados. O grande total de mortos em Kolyma foi aproximadamente três milhões. A cada ano, morria um terço dos prisioneiros nos seus campos; quase nenhum lá sobrevivia mais de quatro anos seguidos. Pelo menos um homem morreu por cada quilograma de ouro extraído das minas de Kolyma…” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 243-245)



Descrição dos campos de trabalho do Canal de Belomor:

“A mão-de-obra no Canal de Belomor chegou a cerca de 300.000 no seu pico, sem contar com o quase igualável número daqueles que morreram por excesso de trabalho, mal tratamento, subnutrição, ou doenças do campo, e que iam sendo substituídos à medida que caíam. A taxa de mortalidade era de setecentos por dia; porém, novos prisioneiros chegavam aos campos do Canal de Belomor numa média de mil e quinhentos por dia. O tempo médio de sobrevivência era de dois anos… D.P. Vitkovsky, ele próprio prisioneiro de Solovetsky e supervisor de trabalho no canal, descreve com calma e notável precisão as condições de trabalho e os seus resultados, até para aqueles que não eram internos do campo de trabalho:

‘No fim do dia de trabalho jaziam corpos abandonados no local de trabalho. O gelo tinha pulverizado as suas faces. Um deles encontrava-se curvado debaixo de um carrinho-de-mão virado ao contrário; ele tinha posto as suas mãos para dentro das mangas e morreu congelado nessa posição. Um deles congelou com a cabeça fletida entre os joelhos. Dois congelaram apoiando-se mutuamente de costas voltadas um para o outro. Eram jovens camponeses e os melhores trabalhadores que alguém poderia conceber. Eles eram enviados para o canal às dezenas de milhares, e as autoridades tentaram fazer as coisas de forma a que ninguém calhasse no mesmo sub-campo que o próprio pai; eles tentaram dividir famílias. E logo que chegavam eram-lhes dadas as normas sobre telhas e pedregulhos que não conseguiriam cumprir nem no verão. Ninguém os podia ensinar ou avisar coisa alguma; e na sua simplicidade de camponeses, eles despendiam toda a força no seu trabalho e enfraqueciam rapidamente morrendo congelados, aos pares. À noite, vinham os trenós e os recolhiam. E um som seco e forte ouvia-se à medida que os condutores atiravam os corpos para dentro dos trenós.



E no Verão, sobravam ossos de corpos que não foram removidos a tempo, e que, juntamente com as telhas, iam para dentro do misturador de concreto. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 248-249)

Deportações massivas já tinham começado na Polónia soviética. Em Fevereiro de 1940 mais de duzentas mil pessoas, predominantemente famílias, foram transferidas para o norte da Rússia europeia, onde foram largadas em pequenas vilas ou aldeias pouco habitadas onde tinham de subsistir por si mesmas; em Abril, um número ainda elevado, cerca de 320 mil mulheres e crianças, cujos maridos e pais já tinham sido executados ou consignados aos campos de concentração, foram enviadas para os degredos do Cazaquistão onde a maioria das crianças morreram; em Junho, mais um quarto de milhão foi enviado para a Sibéria. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 318)


Sob a batuta de Joseph Stalin, possivelmente o maior genocida da história, líder da Rússia comunista de 1924 a 1953



Em Maio de 1929, o Conselho do Comissariado do Povo definiu formalmente ‘kulak’ como qualquer lavrador que lucrasse qualquer tipo de dinheiro com  qualquer tipo de actividade que não a venda da produção agrícola dos seus próprios terrenos. Qualquer rendimento exterior, qualquer processamento de bens feito na fazenda (tal como o de um moinho manual) era suficiente para que o indivíduo fosse considerado um ‘kulak’. Quando a campanha de extermínio foi lançada em 1930, entre dez a quinze por cento dos pequenos lavradores em cada região foram arbitrariamente taxados de kulaks e liquidados. Se não houvesse o suficiente destes com um perfil que enquadrasse na definição de 1929, outros tinham de ser adicionados para completar a quota. Podiam ser escolhidos pelos níveis de rendimento, actual ou aparente; por liderança nas vilas locais… por oposição à colectivização forçada (uma razão particularmente comum para designar alguém como um kulak); ou simplesmente por serem cristãos devotos… Este foi o primeiro acto de um holocausto camponês de 1930 a 1934 que tirou a vida à dez milhões segundo as estimativas do próprio Stalin fornecidas ao presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt em Yalta, e uma estimativa de 14,5 milhões quando todas as vítimas, incluindo aquelas que foram enviadas para campos de trabalho e que morreram posteriormente, são tomadas em conta. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 224-225)

Um vento frio soprou neve nos desafortunados que não estavam vestidos adequadamente, pois não lhes fora permitido levar roupa quente com eles. Nós queríamos ajudar de alguma forma, e uma vez que podíamos assumir que seriam banidos para a Sibéria, nós tínhamos de conseguir para eles alguma roupa que fosse bem quente… Sob atenta supervisão dos soldados, uma grande quantidade de trenó foram movidos para o pátio. Tinham o propósito de tirar os camponeses detidos das suas vilas. O carregamento de seis a oito pessoas por vagão começou imediatamente, controlado através da utilização de uma lista… esposos foram separados de suas esposas e crianças de seus pais… Assim que um trenó moveu-se para unir-se a uma coluna, um jovem  surgiu e correu em direcção a outro trenó no qual estavam a sua impotente esposa em lágrimas e as crianças. O pai obviamente queria estar com a sua família, mas não os alcançou. O camarada Pashchenko, presidente do soviete da vila que estava a supervisionar toda a acção, sacou o seu revólver e atirou calmamente. O jovem pai caiu morto na neve, e o trenó que transportava a sua viúva e órfãos continuou. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 227-228)

Há relatos de ‘kulaks’ em comboios para o Cazaquistão ou Sibéria, trancados em carruagens que transportavam cinquenta cada uma, com um pedaço de pão e um balde de chá ou uma sopa pouco consistente para cada dez pessoas (e isso nos dias em que eram entregues), a rastejar com vermes, privados de agasalho no inverno, a sufocar no calor de verão, a atirar os bebés moribundos pela janela para pôr fim aos seus sofrimentos. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 228)

“A fria e dura realidade da situação era esta: os lavradores ucranianos iam morrer; e os operativos comunistas temiam a morte, ser erradicados, ou os campos de trabalho se eles nãos os deixassem morrer. Eles sabiam que não havia cereal. Toda gente sabia. Mas ninguém se atrevia a dizê-lo… Entretanto, as pessoas comiam ratazanas, ratos, pardais, caracóis, formigas e minhocas, couro e solas de sapato, peles velhas e pelugens, ossos do chão, cascas de acácia e urtigas. Em Março, em muitas áreas, até a maioria dessas coisas tinha acabado, e não havia mesmo nada restante para comer. Um terrível silêncio invadiu as aldeias; não havia animais para fazer qualquer barulho e as pessoas ainda vivas raramente falavam. Victor Kravchenko, na altura um ativista do Partido enviado à Ucrânia, que posteriormente repudiou o comunismo e que conseguiu a sua liberdade escapando, relembrou o que vira:



‘Aqui vi pessoas a morrer na solidão vagarosamente, de formas horríveis, sem a desculpa do sacrifício por uma causa. Eles foram presos e abandonados à fome, cada um em sua própria casa, por uma decisão política tomada numa longínqua capital à volta de mesas de conferência e de banquete. Não havia sequer a consolação do inevitável para aliviar o horror. As vistas mais terrificantes eram as de crianças com os seus membros, que mais pareciam ser de esqueletos, como que pendessem de seus abdómenes semelhantes a balões. A fome retirou qualquer traço de juventude das suas faces, transformando-as em gárgulas torturadas; nos olhos somente ainda se mantinha qualquer rastro de infância. Por todo o lado encontravam-se mulheres e homens estendidos de bruços, as suas faces e barrigas inchadas, os seus olhos completamente sem expressão… Cerca de cinco milhões de ucranianos morreram nesta fome deliberada e genocida.’” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 240-241)



Creio que com isso dá para se ter uma idéia do que foi o genocídio comunista e sua perseguição aos católicos. Apenas alguns exemplos. Em outro artigo pretendo mostrar como estes e outros países massacrados se libertaram deste regime.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Silenciosa e Mortal Revolução Cultural



Vivemos em nossos dias um processo revolucionário de grande profundidade e sutileza, mas cujos macabros danos são imperceptíveis aos nossos olhos que nem as revoluções mais sangrentas lograram obter tanto lucro. É ela a Revolução Cultural! Ou seja: um fenômeno astuto e dissimulado que corrói, desde o seu cerne, nossa sociedade e que opera na nossa vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser, de sentir e de viver.

Na verdade, esta modalidade de revolução é uma etapa indispensável para se chegar a estas mudanças. Um processo desagregador, mas aparentemente pacífico, que torna possível a implantação da utopia igualitária (comunismo/socialismo) e a tomada do poder pelos revolucionários, pois, sem este processo, a transformação revolucionária e as consequentes mudanças de ordem tornam-se efêmeras, como aconteceu no passado.

Ela não é só constituída pela formulação e difusão dos seus intentos através da grande mídia, mas de conceitos e de doutrinas muito bem elaborados - como foi idealizada por Antonio Gramsci em "Cadernos do Cárcere", por exemplo, e que vem sendo praticada "pari passu" desde há cerca de, pelo menos, mais de 50 anos. É uma estratégia que desenrola-se bem em ambientes de despreocupação otimista (ah! isso faz parte da teoria da conspiração) e onde o incentivo aos aspectos de festividade da existência são exaltados (ah! eu quero mais é ser feliz!), bem como, em ambientes de total desinteresse pelos grandes assuntos que dizem respeito aos destinos do País e do mundo - o que leva à total ausência de questionamentos ou polêmicas (uma falsa sensação de paz) e ao relativismo total.

É uma revolução imperceptível, pois utiliza métodos sofisticadíssimos de ação, tirando do indivíduo toda e qualquer capacidade de guiar sua própria conduta por padrões morais já consagrados desde há séculos. E, por assim ser, promove a tal mudança de mentalidades. Este "andar", aparentemente tranquilo e invisível como um um gás mortal e inodoro, faz com que a Revolução Cultural tenha como consequência o afastamento da verdadeira Fé Católica, a perseguição aos cristãos e a destruição dos restos de moral, de cultura e de hábitos de vida herdados da Civilização Cristã, pois que constituem entraves muito grandes para se chegar ao objetivo almejado.

Apreciando a realidade brasileira de hoje, por exemplo, vemos a proliferação absurda e inédita do uso das drogas que tem levado as autoridades a cogitarem a despenalização das ilícitas; a impunidade e o consequente aumento da criminalidade, fazendo com que a população se sinta insegura; a promoção do descrédito e do desrespeito às instituições; o incentivo à formação de grupos (os negros, os homossexuais, os índios, os ricos, os sem-tetos, etc), atiçando-os uns contra os outros, numa eterna luta de classes; a tentativa incansável da desagregação e demolição da família, corroendo gradualmente seus fundamentos; a apresentação, nos meios midiáticos, do casamento católico indissolúvel como sendo uma "prisão" e prestigiando todas as formas de infidelidade conjugal, bem como o divórcio ou uniões livres; programas de educação sexual nas escolas, incentivando o hedonismo (prazer acima de tudo!) e a desconstrução de gênero (menino não é mais menino; menina não é mais menina), desde a tenra idade, através de Kits Gays e a descaracterização da linguagem ou idioma por meio de livros didáticos, tornando a linguagem inculta como padrão - um verdadeiro retrocesso só não admitido por apedeutas ou mal intencionados; o homossexualismo, que foi sempre considerado pela Igreja Católica um ato contra a natureza, nos vem sendo imposto goela abaixo pelo movimento gayzista e afins - um fenômeno que vem sendo, pouco a pouco, amparado por decisões judiciais; a promoção da matança de inocentes através de uma hábil propaganda com notas de sentimentalismo, aproveitando-se de histórias chocantes e manipulação de estatísticas, para propugnar a liberação do Aborto; a arte e a cultura, hoje em dia, sendo cada vez mais orientadas para a busca do absurdo, do feio e do irracional; os trajes cada vez mais uniformes e vulgares, tendendo para a despudoração e ao nudismo; a TV com sua transmissão contínua de cenas degradantes, violentas e obscenas vem bombardeando as mentes, aviltando-as e embrutecendo os espíritos até das nossas crianças, além da crescente penetração de modismos e de termos chulos e de palavrões etc - aspectos, todos estes e muitos outros, que têm como pano de fundo a ideologia revolucionária que prossegue sua silenciosa marcha rumo a esta total mudança.

Ora, como consequência disso, estamos vivenciando, nestes nossos dias, um ambiente de degradação total: destruição da linguagem, da religião e a conivência com a quebra gradual de todos os padrões de moral e de cultura e da própria Ordem Natural da sociedade humana. E esta, sendo desmantelada, gera o caos. O homem que vive sem esta Ordem, passa a viver apenas segundo seus instintos e paixões e, neste caos, a proliferação de conflitos impera, gerando mais e mais desordens. 


Aí está, em termos práticos e fáticos, o objetivo primordial da Revolução Cultural, qual seja: a geração do conflito entre os homens, a instauração da luta(militância), o parto - com dor e sangue - do ódio gerado pela desordem. Ódio racial, ódio religioso, ódio social, ódio familiar. Em última instância, ódio entre as classes, alicerce macabro do marxismo.

De se notar, também, que a Revolução Cultural, propulsora do comunismo, pretende(?) atingir a utopia do que considera ser o "paraíso" na Terra, a partir da destruição e do ódio, como se de tão nefastas causas pudesse surgir algo minimamente benéfico.

No entanto, tendo conhecimento sobre os meandros desta revolução silenciosa, tal qual poderoso veneno percorrendo as artérias de nossa civilização, temos que nos preparar para nos defender dos efeitos nocivos a que estamos sendo submetidos e tentarmos reverter este seu caminhar manso e progressivo que, de tão imperceptível, poucos se dão conta - e menos ainda são os que se mobilizam e reagem contra ela.

Brademos e lutemos, pois, como cristãos, contra este processo devastador, chamando todos à atenção, valendo-nos de todos os meios possíveis, da contemporânea internet à vetusta, porém sempre eficiente, conversa "tête-à-tête". 


Atuemos como Cruzados hodiernos, em todos os ambientes, alertando a todos sobre o que se passa! Evoquemos com fervor Maria, Nossa Mãe Santíssima - que por nós sempre intercede. Façamos nossa parte! Sejamos fiéis a Cristo e lutemos pela conservação incólume de nossa Civilização Cristã! Travemos o bom combate com decisão, abnegação e coragem!

Se Deus é por nós, quem será contra nós?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Princesa Isabel - marcante personagem na História do Brasil



Em outubro de 2011, foi oficialmente aberto o processo de beatificação da Princesa, entregue ao Cardeal Arcebispo do RJ, D. Orani João Tempesta, a pedido de monarquistas brasileiros.
A justificativa para o pedido de beatificação de D. Isabel foi o de a Princesa ter demonstrado durante toda sua vida uma profunda Fé Católica, além de ter sido a responsável pela libertação dos escravos no Brasil. 
O cardeal D. Orani prometeu levar o caso à Arquidiocese de Paris, uma vez que a princesa viveu seus últimos anos e morreu na França. 
A Igreja investigará os diversos testemunhos de pessoas que dizem ter sido curadas por orações feita à Princesa.

Aproveitando este importante momento, foi realizado no Golden Tulip Paulista Plaza, em SP, no dia 29 de novembro de 2001, o Painel "A catolicidade da Princesa Isabel vista por um bisneto", promovido pelo Instituto Plínio Correa de Oliveira, no qual foram revelados e comentados episódios marcantes da vida da Princesa Isabel, a Redentora, os quais o povo brasileiro de nossos dias, pouco sabem ou têm sequer conhecimento.

O Painel poderá ser assistido, no vídeo que se encontra neste link abaixo:

Hoje, com este artigo, pretendo trazer à luz de todos os leitores que, por alguma razão, não puderam estar presente no Painel, algo mais detalhado do que foi falado por S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragrança (um dos painelistas presentes), bisneto da Princesa Isabel, naquele dia, porém ditas pelo seu irmão, nosso Imperador "de jure", S.A.I.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança, também bisneto da Princesa, numa entrevista a Revista Catolicismo, em 2006, a fim de que saibam mais sobre a vida de nossa Princesa Isabel, Regente do Brasil Imperial por 3 vezes, pouco comentada pela historiografia brasileira.


Princesa Isabel - marcante personagem na História do Brasil


É com muito gosto que atendo ao pedido de Catolicismo de escrever algo sobre minha bisavó, a Princesa Isabel. Máxime porque, embora seja venerada no Brasil como a Redentora da raça negra, sua personalidade total não é geralmente conhecida. Dou aqui alguns traços, a fim de contribuir para esse conhecimento. Pouco se sabe, por exemplo, sobre seu vulto de grande dama, sua bondade bem brasileira e seu inalterável amor ao Brasil.
A Princesa Isabel era filha de D. Pedro II e de Da. Teresa Cristina Maria de Bourbon, das Duas Sicílias. Desse matrimônio nasceram quatro filhos –– um varão, duas mulheres e mais um varão. Os filhos homens morreram cedo, e portanto às filhas, Da. Isabel e Da. Leopoldina, transmitiu-se diretamente o direito à sucessão ao trono.
Isabel, a mais velha, nasceu em 20 de julho de 1848, batizada a 15 de novembro do mesmo ano com o nome de Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Rafaela Gonzaga, na capela imperial, pelo Bispo Conde de Irajá. Padrinhos por procuração: D. Fernando, rei de Portugal, e a rainha Maria Isabela, viúva de Francisco I das Duas Sicílias, sogra de D. Pedro II. Conta o livro de Hermes Vieira: “Antes do batismo, na escadaria da capela imperial, o Imperador, aproximando-se da filha e tomando-a nos braços, avançou um passo e a apresentou ao povo, que lá fora, curioso, comprimido, correspondeu ao gesto do monarca ovacionando Sua Alteza e aos soberanos do Brasil. Ouviram-se então os sons heróicos do Hino Nacional, confundidos com o vozerio consagratício da multidão, entoados pelas bandas de música postadas no passadiço e no coreto armado junto ao alpendre da torre da capela imperial”.(1)
Uma princesa profundamente católica
A última fotografia da Família Imperial em Petrópolis, antes da proclamação da República
Da. Teresa Cristina, nossa terceira imperatriz, pertencia à Casa de Nápoles, que é profundamente católica. Esta esmerou-se sempre na aliança com o Papado, na defesa da Igreja. Por ocasião do chamado Risorgimento italiano (isto é, a unificação da península), a Casa de Nápoles perdeu seu trono porque não quis usurpar os Estados de outros soberanos, principalmente os Estados Pontifícios. Isto ocorreu em 1860, dez anos antes da queda de Roma, invadida pelas tropas garibaldinas. Garibaldi e a Casa de Sabóia concentraram todas as suas forças contra Nápoles, e só depois foram atacar os Estados Pontifícios. Da. Teresa Cristina recebeu e transmitiu arraigada formação católica à sua filha Isabel.
A Princesa Isabel realmente foi católica do fundo da alma até o fim da vida. Aos quatro anos, foi reconhecida solenemente como herdeira presuntiva do trono, e com 14 anos prestou o juramento de estilo perante as duas Câmaras da Assembléia. Em 1864 casou-se com o conde d’Eu, como resultado de um fato pitoresco e até comovedor. D. Pedro II procurava noivos para suas duas filhas, as princesas Isabel e Leopoldina, e pediu à sua irmã Da. Francisca, casada com o príncipe francês de Joinville — daí o nome de nossa cidade em Santa Catarina — que procurasse para suas sobrinhas dois noivos apropriados, entre as Casas reais européias. Atendendo ao pedido, a Princesa de Joinville encontrou dois primos irmãos: o Duque de Saxe e o Conde d’Eu, este príncipe da Casa de Orleans, portanto muito proximamente aparentado com o marido dela. O Duque de Saxe estava destinado à Princesa Isabel e o Conde d’Eu a Da. Leopoldina. Mas, chegando aqui, os noivos viram que não combinavam, e resolveram trocar. A Princesa Isabel escreve, com muito charme: “Deus e nossos corações decidiram de outra maneira”. O Conde d’Eu se casou então com a Princesa Isabel, e Da. Leopoldina com o Duque de Saxe. Hermes Vieira afirma: “o Conde d’Eu se sentia bem ao lado dela. Era simples, boa, afetuosa e pura. Possuía uma voz bem educada e tocava piano com sentimento e graça. Tinha uma sadia ingenuidade, uma singeleza de idéias, quer dizer, uma clareza de idéias admirável, além de muita sensibilidade. Isso, sem falar dos seus talentos, da sua instrução pouco comum para a época. Dominava corretamente o francês, o alemão e o inglês”.(2) Formaram até o fim da vida um casal unidíssimo.
Por ser de convicções firmes, a princesa era difamada
A Princesa Isabel e o Conde d’Eu com seus três filhos

Logo que a Princesa Isabel se estabeleceu com casa própria — no hoje palácio Guanabara, que era o palácio Isabel da época — procurou, em seu papel de princesa herdeira mas não regente, fomentar uma vida cultural e social no Rio de Janeiro. Promovia então toda semana um serão e um jantar, mais elegante ou menos, mais cultural ou menos. Isso para fomentar a cultura geral na Corte. Esses serões eram muito concorridos. O próprio Imperador ia uma vez por semana à casa da filha para jantar.
Em 1871, por motivo da viagem do casal imperial, Isabel prestou juramento como Regente do Império perante as duas Câmaras. “Juro manter a Religião Católica Apostólica Romana, a integridade e indivisibilidade do Império, observar e fazer observar a Constituição política da Nação Brasileira e mais leis do Império, e prover o bem do Brasil quanto a mim couber. Juro fidelidade ao Imperador e entregar-lhe o governo logo que cessar o seu impedimento”.
Nesse mesmo ano, a 27 de setembro, sendo presidente do Conselho o visconde do Rio Branco, pai do barão do Rio Branco, foi votada a Lei do Ventre Livre, na sessão que ficou chamada Sessão das Flores. Quando foi aprovada a Lei do Ventre Livre, uma chuva de rosas desatou-se no plenário da Assembléia. O ministro dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Mr. Partrige, colheu algumas dessas flores, e disse: “Vou mandar estas flores para meu país, para mostrar como aqui se fez uma lei que lá custou tanto sangue”. A Guerra de Secessão nos Estados Unidos custara 600 mil mortos...
Em 1876, na segunda regência, começou uma campanha de detração promovida pelos círculos republicanos, positivistas e anticlericais contra a Princesa Isabel, por causa de seu catolicismo. Tais círculos viam que ela — por sua firmeza de princípios, por sua formação profundamente católica, mas também pelo pulso que demonstrou nas regências — seria uma imperatriz que faria da Terra de Santa Cruz realmente uma bela exceção no mundo. Ela exerceria uma profunda influência por sua autenticidade, sua cultura, sua religiosidade, e por tudo aquilo que pode elevar o espírito de um povo. Isso os referidos círculos não desejavam de nenhum modo. Começaram então a campanha de detração: ela era feia; era carola; era boba; não era patriota; não gostava do Brasil; preferia ter médicos franceses a brasileiros, e outras calúnias. O Conde d’Eu, que sofria de surdez, era chamado de surdão, arrogante, e mantinha cortiços de aluguel. Até a surdez — da qual ele evidentemente não tinha culpa — era assacada em meio às calúnias. De tal maneira que, pouco a pouco, esse casal foi sendo demonizado, para se evitar que mais tarde ele subisse ao trono. Dizia-se, em certos círculos, que era preciso proclamar a república logo, porque se a Princesa Isabel assumisse o poder, acabaria com todo esse movimento ateu, positivista e republicano. Ela teria pulso e prestígio para fazer isso. Tornou-se corrente a frase: “Precisamos fazer a república enquanto o velho está vivo, senão a filha dará cabo de nós”.
A Princesa Redentora da raça negra
Em 1888 a Princesa Isabel, sendo novamente regente, assinou a Lei Áurea. Tendo provocado a queda do gabinete Cotegipe, a Princesa chamara o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, que era abolicionista, à presidência do Conselho. Este fizera votar a Lei Áurea e a apresentara para a assinatura da Princesa Isabel. O Conde d’Eu, nessa ocasião, teve um momento de hesitação : “Não o assine, Isabel. É o fim da monarquia”. Ao que ela respondeu: “Assiná-lo-ei, Gaston. Se agora não o fizer, talvez nunca mais tenhamos uma oportunidade tão propícia. O negro precisa de liberdade, assim como eu necessito satisfazer ao nosso Papa e nivelar o Brasil, moral e socialmente, aos demais países civilizados”.(3)
Depois da assinatura realizou-se grande festa no Rio de Janeiro, com grandes aclamações do povo. Estando a Princesa Isabel junto ao barão de Cotegipe na janela do palácio — o barão a estimava, embora estivessem em desacordo na questão da escravidão — ela perguntou-lhe: “Então, Senhor barão, V. Excia. acha que foi acertada a adoção da lei que acabo de assinar?”. Ao que o barão, com muito carinho, respondeu: “Redimistes, sim, Alteza, uma raça, mas perdestes vosso trono...”(4)
D. Pedro II nesse momento estava em Milão, muito doente e com a perspectiva iminente de morte. Mas a 22 de maio ele sentiu certa melhora, e a Imperatriz teve a coragem de lhe dar a notícia da Abolição. Diz Heitor Lyra: “Enchendo-se de coragem, debruçada sobre a cabeceira do marido, deu-lhe com brandura a grande nova. O Imperador abriu lentamente os olhos emaciados e depois perguntou como quem ressuscitava: ‘Não há mais escravos no Brasil?’. ‘Não – respondeu a Imperatriz – a lei foi votada no dia 13. A escravidão está abolida’. ‘Demos graças a Deus. Telegrafe imediatamente a Isabel enviando-lhe minha bênção e todos os agradecimentos para o País’. Houve um momento de silêncio. A emoção dos presentes era grande. Virando-se lentamente, o Imperador acrescentou, numa voz quase sumida: ‘Oh! Grande povo! Grande Povo!’ O telegrama que foi mandado à Princesa Isabel tinha o seguinte teor: ‘Princesa Imperial. Grande satisfação para meu coração e graças a Deus pela abolição da escravidão. Felicitação para vós e todos os brasileiros. Pedro e Tereza’”.(5)

Apesar de tudo, continua a detração contra a monarquia
Leão XIII
O Papa Leão XIII resolveu premiar a Princesa Isabel com a maior distinção que os Soberanos Pontífices davam a chefes de Estado e a pessoas de grande relevo, nas ocasiões em que adquiriam méritos especiais. Enviou-lhe a Rosa de Ouro, que foi entregue a 28 de setembro de 1888, no 17o aniversário da promulgação da Lei do Ventre Livre. A data foi escolhida pelo próprio Núncio Apostólico, para a cerimônia que se realizou com toda magnificência na capela imperial. Entretanto, apesar de tudo, continuou a campanha de detração contra a monarquia, agora dirigida especialmente contra o Imperador: o velho está gagá; ele dorme o tempo todo; o Conde d’Eu e a Princesa Isabel vão se tornar tiranos aqui. Uma série de calúnias foi espalhada por todo o País.
A 15 de novembro, os militares que estavam no Rio de Janeiro — eram minoria, representavam um terço do Exército brasileiro — proclamaram a República. O golpe foi totalmente alheio à vontade do povo. Tanto que os republicanos embarcaram a Família Imperial rumo ao exílio, à noite, para que não houvesse reação popular. Na partida, a Princesa Isabel passando junto à mesa onde havia assinado a Lei Áurea, bateu nela o punho fechado e disse: “Mil tronos houvera, mil tronos eu sacrificaria para libertar a raça negra”.
D. Pedro II recusou 5 mil contos de réis — cerca de 4 toneladas e meia de ouro, uma fortuna — que lhe ofereceram os revoltosos, porque, dizia, o novo governo não tinha direito de dispor assim dos bens nacionais. Da. Teresa Cristina, mal chegando a Portugal, morreu de desgosto no Grande Hotel do Porto. Eu lá estive há alguns anos, quando o hotel inaugurou uma placa em memória dela. E D. Pedro II faleceu a 4 de dezembro de 1891, no Hotel Bedfor, em Paris, onde uma placa recorda o passamento do ilustre hóspede. Tal era o prestígio que cercava sua pessoa, que a República francesa concedeu-lhe funerais completos de Chefe de Estado.
Uma rainha, uma fada com a bondade brasileira
Conde d’Eu possuía um castelo na Normandia, mas ele e a Princesa Isabel compraram um palacete em Boulogne-sur-Seine, que é um nobre bairro periférico de Paris. Lá ela abria seus salões para os brasileiros que iam visitá-los. E não só isso. Conseguiu se impor na sociedade parisiense a tal ponto, que várias memórias de personalidades da época a apresentam quase como uma rainha daquela sociedade. Era tida mesmo como a principal personagem. Somente ela e o presidente da República podiam entrar de carruagem no pátio interno da Ópera de Paris.
Uma hindu, que se tornaria mais tarde Maharani de Karputhala, escreve em suas memórias que ela via a Princesa Isabel como uma verdadeira rainha, uma fada. Não só isso — rainha e fada — mas também com toda a bondade brasileira e católica, característica da Princesa Isabel. A Maharani narra que, quando menina, de passagem pela capital francesa, teve uma crise aguda de apendicite. Operada com os recursos incipientes da época, passou longa convalescença no hospital. A sociedade parisiense toda, curiosa, ia visitá-la. Ela dizia que se sentia um bichinho exótico, que as pessoas iam vê-la como num zoológico. E a única que foi visitá-la com bondade e para lhe fazer bem foi a Princesa Isabel. Ela conta que minha bisavó aproximou-se do seu leito, agradou-a muito, acariciou-a e consolou-a. E no fim, disse: “Minha filha, eu não sei que religião você tem. Mas sei que há um Deus que ama todas as crianças do mundo. Aqui está uma imagem da mãe d’Ele. Guarde-a consigo, e quando você estiver numa grande aflição, peça a Ela para interceder junto ao seu Filho”. Infelizmente a Maharani não se converteu à Igreja Católica, permaneceu pagã até o fim da vida, mas nos momentos de apuro ajoelhava-se diante da imagem de Nossa Senhora, que a Princesa Isabel tinha lhe dado. Porque sabia que seria atendida.
Santos Dumont, testemunha da bondade da Princesa
Santos Dumont voa no 14 Bis

Santos Dumont, nessa época, realizava suas experiências em Paris. Sabendo que ele passava muito tempo no campo onde fazia seus experimentos, a princesa mandava-lhe farnéis a fim de que ele não precisasse voltar à cidade para almoçar. Certa vez, escreveu-lhe: “Sr. Santos Dumont, envio-lhe uma medalha de São Bento, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria. Isabel, Condessa d’Eu”. Santos Dumont usou a medalha por toda a vida. E noutra ocasião disse-lhe: “Suas evoluções aéreas fazem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa o Sr. tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria”.
Muito tocante também é o fim da carta que ela escreveu ao Diretório Monárquico para anunciar os casamentos de seus filhos mais velhos. O Diretório era composto pelo Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, pelo Visconde de Ouro Preto e pelo Conselheiro Lafayette de Oliveira. A carta é datada de 9 de setembro de 1908: “Minhas forças não são o que eram, mas o meu coração é o mesmo para amar a minha Pátria e todos aqueles que lhe são dedicados. Toda a minha amizade e confiança”. Era o jeito brasileiro, a bondade brasileira perfeitamente encarnada naquela nobre dama.
Mesmo longe do Brasil, tudo fazia para engrandecer o País
Princesa Isabel e o Conde d’Eu com seu neto Dom Pedro Henrique
Outra amostra de seu profundo interesse pelo Brasil está registrada numa carta ao Cons. João Alfredo. O Banco do Brasil –– não me recordo em que mandato presidencial ocorreu o fato –– estava num descalabro republicano: desordem total, contas que não estavam acertadas, funcionalismo completamente rebelde. E o presidente da República de então concluiu que o único que teria inteligência, força, garra e pulso para pôr ordem naquela situação seria o Cons. João Alfredo, e o convidou a assumir a presidência do Banco do Brasil. João Alfredo respondeu: “Eu sou monarquista, e portanto só posso aceitar esse cargo se a minha Imperatriz autorizar”. Escreveu à Princesa Isabel, explicando o caso. E ela respondeu-lhe: “Para o bem de nossa Pátria, o Sr. deve aceitar”. João Alfredo assumiu a presidência do Banco do Brasil, pôs em ordem o funcionalismo e acertou a contabilidade. Pagou todos os atrasados, todas as dívidas, deixando tudo em perfeito estado. Depois pediu demissão e morreu pobre, pois não recebeu nada por aquela importante gestão.
Em carta à irmã de um monarquista eleito deputado, Ricardo Gumbleton, de tradicional família paulista, o qual não queria aceitar o cargo de deputado, a Princesa observa: “Não concordo, absolutamente! Diga a seu irmão que ele deve aceitar a cadeira de deputado e propugnar pela grandeza moral, econômica e social de nossa Pátria. Não aceitando é que ele estará procedendo de maneira contrária aos interesses da coletividade. Não nos deve importar o regime político sob o qual esteja o Brasil, mas sim conseguir-se colaboradores de boa vontade capazes de elevar o nosso País. De homens como ele é que o Brasil precisa para ascender mais, para fortalecer-se mais. Faça-lhe sentir que reprovo sua recusa”.(6) Esse fato revela uma vez mais que ela procurava colocar o bem do Brasil acima dos próprios interesses.
Na França, representou o que havia de melhor do Brasil
 
Em março de 1920, após as exéquias de seu filho Dom Luiz, vemos a Princesa Isabel (à frente, no grupo da esquerda)
Ela ainda viveu até 1921. Cada vez mais fraca, mas conservando sempre aquela grande classe, aquele grande porte que a caracterizava. Em suas fotografias no exílio, ela mantém um porte imperial que não apresentava aqui no Brasil. No infortúnio, a noção da sua missão foi se cristalizando cada vez mais. E realmente, nessas fotografias, sua atitude era de uma imperatriz. No batizado de meu pai, ela manifesta uma nobreza e uma categoria impressionantes. E foi assim até o fim da vida.
Morreu sem poder voltar ao Brasil. Representou na França o que havia de melhor do Brasil. Muito mais do que nosso corpo diplomático, muito mais do que nossos homens de negócio, ela foi um exemplo do que o Brasil era ou deveria ser. E a França entendeu isso. Assis Chateaubriand escreveu, em Juiz de Fora, a 28 de julho de 1934: “Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não tinha expressão dura, uma palavra amarga para julgar um fato ou um homem do Brasil. No mais secreto de seu coração, só lhe encontrávamos a indulgência e a bondade. Este espírito de conduta, esse desprendimento das paixões em que se viu envolvida, era a maior prova de fidelidade, no exílio, à pátria distante. Mais de 30 anos de separação forçada não macularam a alvura dessa tradição de tolerância, de anistia aos agravos do passado, que ela herdara do trono paterno. [...] Foi no exílio que ela deu toda a medida da majestade e da magnanimidade do seu coração. [...] Ela viveu no desterro [...] como a afirmação de Pátria, acima dos partidos e dos regimes. Debaixo da sua meiguice, da sua adorável simplicidade, quanta fortaleza de caráter, quanto heroísmo, quantas obras valorosas”.(7)
Faleceu no castelo d’Eu. Apagou-se suave e docemente. A República reconheceu o que o Brasil tinha perdido. O presidente Epitácio Pessoa determinou três dias de luto nacional, e que fossem celebradas exéquias de Chefe de Estado. Também a Câmara Federal votou que seu corpo fosse trazido para o Brasil num vaso de guerra, o que só se realizou em 1953. Em 13 de maio de 1971, seu corpo e o do Conde d’Eu foram transladados solenemente à catedral de Petrópolis, e lá repousam à espera da ressurreição dos mortos e do Juízo final.
Essa foi a insigne mulher que nosso Brasil registra em sua história. Ela não foi uma intelectual. Foi princesa e patriota até o fundo da alma. Uma senhora que tinha consciência de ter nascido para o bem de um País. E encarnou essa missão na Pátria e no exílio até o fim de sua existência. Foi um modelo de princesa, de imperatriz e de católica. Ela foi o tipo perfeito de grande dama brasileira.

Dom Luiz de Orleans e Bragrança


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Marcha contra a Corrupção??? Afinal, que país é este?

Que país é este que junta milhões numa marcha gay, numa marcha à favor da maconha, numa marcha contra a corrupção (Uepa! Corrupção? Estranho...até mesmo os corruptos são contra a corrupção...ou acham que eles admitem que são corruptos?...rs), mas...não se mobilizam, claramente, contundentemente, para uma grande marcha:

- contra o Kit Gay, uma imoralidade que descaracteriza nossas crianças com o combate que fazem à heteronormatividade;

- contra o PNDH-3 que cerceia a nossa liberdade e que cria verdadeiros conselhos (soviets) em substituição ao Parlamento;

- contra a ligação PT-FARC, cuja parceria favorece o tráfico de drogas que financia este governo corruPTo;

- contra o MST, um movimento guerrilheiro disfarçado que destrói nossas lavouras, favorecendo (propositadamente) uma futura - e não remota - fome no país (lembre-se da Ucrânia) e cuja organização é um atentado direto à propriedade privada;

- contra o Aborto que não dá nem para comentar tamanho absurdo;

- contra as mais de 50 mil mortes/ano por homicídio no Brasil;

- contra o extermínio de crianças indígenas, porque "tem que respeitar a cuRtura deles";

- contra o descaso dos governantes deste país com relação às enchentes que acabam com muitas vidas e com relação a falta de segurança nas escolas, onde entra qualquer pessoa e mata nossos filhos;

- enfim, contra coisas que estão acontecendo em um governo de esquerda, aqui no Brasil, representado pelo PT e que afetam nossas VIDAS! - nossa integridade física, mesmo!


 Vamos dar o DEVIDO NOME aos bois safados os quais queremos combater! E  vamos nos identificar também! Sem essa de MSP ("Movimento dos Sem Partido")! Até gente com camiseta do Chê estava neste "movimento", poh! Olhem no final deste vídeo (min 1:14)


 E mais: cartazes com slogans de "revolução é você"??? Revolução houve em Cuba. Revolução está acontecendo na Venezuela. Revolução fazem estes decrépitos esquerdistas que estão agora no poder. Dilma lutou pela Revolução! É isso que nós queremos? Ou a Contra-Revolução? Vejam na foto!
 Quem somos nós, afinal? Uma massa amorfa e sem nome que quer combater algo inespecífico, genérico?

 No caso desta Marcha contra a Corrupção, como disse antes, ficar bradando contra a corrupção é inútil! Quem brada a favor? Ninguém! Nem mesmo quem a pratica! Isso é um movimento ideologicamente covarde, não antagoniza com ninguém, só grita slogans contra males reconhecidos. Para o governo do PT, essas manifestações são ótimas: ele capitaliza em cima, mostrando que "nunca antes na história desse país, se prendeu tantos corruptos" e blá-blá-blá!!! Vejam:

 "O presidente da Câmara, Marco Maia, considerou normal a manifestação contra a corrupção. Para ele, faz parte do processo democrático inclusive a colocação de barreiras para que a presidente Dilma não visse o protesto:

- O governo tem sido o maior batalhador para que a malversação do dinheiro público seja investigada, seja atacada. Não tem nenhum constrangimento. Pelo contrário: reforça a política que o governo tem feito nestes últimos anos de combate à corrupção."


 Ora, isso é uma manifestação "genérica"! Manifestação "contra a corrupção", "contra o preconceito", "contra o câncer de mama", "contra a violência"...é de dar risada! Isso não é manifestação contra nada, nem contra ninguém! A sociedade, organizada em militância lúcida, consciente, séria, deveria se posicionar CLARAMENTE contra os desmandos totalitários do governo DILMA DO PT (de Lula) e quejandos; não contra bandeiras reprováveis de "per si"! Um movimento ou manifestação com cara, com assinatura, tomando partido, SIM!!! Sem medo, com coragem! Isso seria digno de respeito!

 É óbvio que a corrupção precisa ser punida com todo o rigor. Mas não podemos perder o bom senso! Chamar corrupção de crime hediondo??? Hediondo é a mortandade criminosa que ocorre embaixo dos nossos narizes e que fingimos não ver.

 Sim, a corrupção é um mal, sem dúvida e precisa ser combatida! Mas alguém espera o quê deste governo corruPTo com laivos de socialo-comunismo? Querem negociar com bandidos?

 Acho engraçado...o dedo na ferida, ninguém coloca! Ninguém quer se incomodar...

 Fico com vergonha de ver nosso povo só se levantar APENAS quando tocam no seu bolso! - e foi SÓ porque estão tocando no seu bolso! Mas, quando se trata de vidas humanas, por exemplo, ninguém se mexe...muito menos quando se trata de lutar-se pela própria liberdade...

Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas escreveu em 1933: "Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei . No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."


Bem, já devem ter percebido que tem certas coisas que me tiram a paciência: uma delas é a burrice; a outra, a desonestidade.

Há quem ache que a realidade é bem oposta. Que o não manifestar-se não quer dizer que não existe.

Desculpem-me, mas o fato de ser silenciosa é sinônimo fático de "não existir", sim! No frigir dos ovos, não existe!

Vejam: os escravos, nas senzalas, também remoíam-se de dor e indignação contra a escravidão, mas ao raiar do sol, iam para a lavoura e, depois, voltavam para o cativeiro. Esta, tem sido a "reação" da sociedade brasileira: uma indignação silenciosa, de escravo indignado em silêncio.

Isso não é reação; é mera indignação filosófica.

Acham que não é muito sábio demolir a única coisa que existe contra o PT e o governo; no caso, uma marcha contra a corrupção.

Dizem que não se deveria condenar ou atacar uma manifestação destas...ao contrário, incentivar!

Em primeiro lugar, nem tem como condenar uma manifestação contra a corrupção. Uma manifestação que prega contra a corrupção prega contra o erro. Não tem como condená-la em si, já que o que ela combate, em si, é errado.

No entanto, em que ela contribui contra o projeto totalitário do PT?

A manifestação, na mais otimista das interpretações, teria que partir do pressuposto de que a sociedade relaciona, automaticamente e claramente, a corrupção ao PT. Mas, realisticamente, isso não é verdade.

Então, por que não rasgar o verbo? Por que não dizer, claramente, ser contra a corrupção DESTE governo, que sequestrou, para sempre, a "inocência" do Brasil???

Querem corrupção maior do que se aliar a narcoterroristas???

Em segundo lugar, penso que a esta altura da situação, atacar é dar um brado de alerta. Serve de advertência aos de boa-fé e de reprimenda aos mal intencionados. Incentivar movimentos amorfos, insípidos e inodoros, apenas por incentivar, pode ser trágico. Acho, inclusive, que incentivar é dar vitória ideológica aos repetidores de slogans "genéricos", é recusar-se a uma postura mais vigorosa, é aceitar a castração...

Sendo eu intolerante com a falta de atitude...rs...sou mais por uma sacudidela nos ombros dos bem intencionados como quem diz: "quer se posicionar? Faça-o com clareza e sem medo!".

Nesta seara uma má manifestação não é melhor que "manifestação nenhuma". Uma má manifestação é "manifestação nenhuma"; acaba sendo cooptada pela esquerda e ainda usada como escada para seu etapismo.

Essa gente do PT é profissional! Não são amadores! Sabem lidar bem com propaganda e com contra-propaganda – como já fizeram - e não duvido que revertam, inclusive, tais manifestações, em manifestações de apoio às ações da Polícia Federal contra a corrupção, assim como tentaram capitalizar o massacre da escola do RJ em prol do desarmamento.

Ou seja: Essa gente é como bandido comum. Não dá para negociar. Ou você parte para cima deles com força, com virilidade ideológica, ou eles nos engolem.

Então, penso eu, a campanha tem que ser bem nítida.

Os esquerdistas, durante o regime militar, não faziam campanha pela "liberdade", pela "paz", pelo "pluripartidarismo". Eles faziam campanha contra os militares, "abaixo a ditadura", "fora com os gorilas", dentre outros epítetos!

Ao meu ver, tem que se assumir uma postura, mostrar ao governo que há uma militância LÚCIDA, que sabe MUITO BEM o que está acontecendo (como quem diz ao governo: tu não me enganas!).
Penso que é assim que deixaremos o governo e seu projeto totalitário sem saída, sem respostas, tal como Dilma ficou sem respostas durante a campanha, no que dizia respeito ao aborto, por exemplo.

É preciso colocar essa gente a nu! Aí é que eles se atrapalham!

Manifestação, já que é para ser manifestação, tem que ser clara e corajosa! Bradar genericamente contra males genéricos não levará a nada...

Pois bem, houve quem achasse que eu peguei pesado, como eu disse antes: que eu deveria incentivar um movimento assim, ainda que trôpego, pois a população "parece acordar, parece se recuperar de um estado doentio".

Sim, começando a recuperar-se. Mas, no caso dessas manifestações, nada indica que sejam elas um começo de "recuperação" - nem um começo! Se não se posiciona contra o governo e seu projeto totalitário, não é recuperação de nada, e ainda passa a impressão de que não enxerga no governo uma fonte de corrupção, já que não se posiciona contra o governo.

Ah, “incentivá-la a fazer melhor”...mas eu acho que assim os levará a "ir cada vez melhor para os braços da esquerda", porque a esquerda coopta tudo o que não é frontalmente contra ela! Mesmo o bem intencionado "democrata" acaba cooptado pela esquerda. Então, é necessário posicionar-se com clareza. Caso contrário, é ir cada vez melhor para os braços da esquerda. É o que eu acho...

Pois, por que que, em relação ao Collor, as manifestações (lideradas pelo PT) não foram "apenas" contra a corrupção? Não! Foram contra o Collor e seu governo, foram pelo seu impeachment, pela sua destituição da Presidência!

Eu acho que se esse pessoal do PT for imprensado, desmascarado, não terão o que fazer, senão recuar. A Dilma, na campanha, assistiu até missa. Fez sinal da cruz ao contrário, mas foi até lá...rs.

Gente covarde!

E por que não se assumiu como atéia? Não é gente que parta pra cima, não! Por isso que, se forem enfrentados, recuam.

O PT não consegue fazer tudo o que quer e acaba freando seus projetos, assim como a Dilma teve que vestir pele de cordeiro durante a campanha. Imagine, então, se a indignação silenciosa virasse, realmente reação.

E é assim que se enquadra bandido, é assim que se dobra petista e comunista totalitário.

Enfim, não vejo, nessas manifestações, nada contra o governo.

Se fosse uma manifestação ainda que incipiente contra o governo ou contra o PT, que fosse, eu concordaria, com certeza! Mas manifestação "contra a corrupção"? Poh! Isso é slogan esquerdista...rs...só falta ter o patrocínio do Greenpeace!

Lembrem-se: o PT se firmou, no imaginário coletivo brasileiro como o "partido da ética" e contra "os corruptos". Uma manifestação genérica contra a corrupção até lembra, aos brasileiros, a própria origem do PT...

Enfim, esta manifestação ou Marcha contra a "corrupção" não me cheira bem!...rs